Aprovada lei para regularização fundiária rural e urbana
Foi
transformada em lei a medida provisória que estabelece regras para
regularização de terras da União ocupadas na Amazônia Legal e disciplina novos
procedimentos para regularização fundiária urbana. A Lei 13.465/2017 foi
sancionada com uma série de vetos pelo presidente Michel Temer nessa
terça-feira (11) e publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira
(12). A nova lei é proveniente da MP 759/2016, aprovada no Senado em 31 de maio
na forma do projeto de lei de conversão (PLV) 12/2017, do relator senador
Romero Jucá (PMDB-RR). O texto, que revoga regras atuais da Lei 11.977/2009,
entra em vigor já nesta quarta-feira.
A nova regra torna possível
regularizar áreas contínuas maiores que um módulo fiscal e até 2,5 mil
hectares. O texto permite que ocupantes anteriores a julho de 2008 participem
do processo.
O Incra fará uma pauta de valores
de terra nua com base nos valores já adotados para a reforma agrária. O preço
final a pagar será de 10% a 50% desses valores. Áreas acima de 2,5 mil ha
também poderão ser regularizadas parcialmente até esse limite. Na hipótese de
pagamento à vista, haverá desconto de 20%, e a quitação poderá ocorrer em até
180 dias da entrega do título. O prazo de pagamento parcelado de 20 anos e a
carência de três anos continuam conforme a legislação anterior.
Vetos
Foram vetados cinco trechos do
PLV. Um deles foi à extensão a todos do perdão de dívidas de crédito de
instalação, que é o financiamento para produtores assim que se instalam na
terra. Esse perdão foi mantido apenas para assentados da reforma agrária, como
prevê a Lei 13.003/2004. De acordo com Temer, a ampliação do benefício
aumentaria o custo para o governo, com impacto financeiro não estimado e origem
de recursos não indicada.
Outro trecho vetado foi referente
ao financiamento para aquisição de imóvel rural com recursos do Fundo de Terras
e da Reforma Agrária (FTRA). Para Temer, cabe ao Executivo a regulamentação das
operações com recursos do FTRA. Sem contar que o dispositivo definia
valores-limite para esse financiamento, o que impediria futuros ajustes nos
números, “retirando a flexibilidade de eventuais aperfeiçoamentos do programa”.
No artigo 76 da nova lei, que
trata da implementação do Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis (SREI),
foram vetados dois trechos, ambos referentes à criação do Operador Nacional do
Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis (responsável pelo SREI) pelo
Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (Irib) e suas funções. De acordo
com Temer, os dispositivos foram vetados porque ferem a separação dos poderes,
ao alterar a organização administrativa e competências de órgão do judiciário;
e violar também o princípio da impessoalidade, ao delegar a criação do ONR para
entidade privada (no caso, o Irib).
Foi vetada ainda a revogação de
trechos da legislação anterior referentes a averbação e registro de direito de
superfície (direito de utilizar um terreno). Temer alegou que tal revogação
representaria “um vácuo e insegurança jurídica”. Isso porque o direito de
superfície permaneceria como direito real, e ainda necessitaria, portanto, de
registro em cartório.
Críticas
A MP foi aprovada no Plenário do
Senado por 47 votos favoráveis e 12 contrários. Apesar do apoio maciço da base
governista, o texto recebeu duras críticas da oposição durante a votação. A
senadora Fátima Bezerra (PT-RN), por exemplo, afirmou que a proposta é “o
horror em matéria de retrocesso”. Para ela, a norma é um “presente de natal
para os ruralistas” e vai aumentar a pobreza no campo e o êxodo rural. Para
Jorge Viana (PT-AC), o texto vai facilitar a vida dos grileiros em todo o país
e fragilizar os pequenos proprietários, além de promover a reconcentração de
terras.
Humberto Costa (PT-PE), Lindbergh
Farias (PT-RJ), João Capiberibe (PSB-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Regina Sousa
(PT-PI) e Reguffe (sem partido-DF) também discursaram contra a aprovação da MP.
Já os senadores Valdir Raupp
(PMDB-RO), Eduardo Braga (PMDB-AM), Hélio José (PMDB-DF), Ivo Cassol (PP-RO),
José Medeiros (PSD-MT), Waldemir Moka (PMDB-MS), Rose de Freitas (PMDB-ES),
Cidinho Santos (PR-MT), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Magno Malta (PR-ES) discursaram
a favor da aprovação, por a entenderem positiva para o país. Segundo Raupp,
mais de 60 mil produtores rurais serão beneficiados apenas no estado de
Rondônia. Hélio José disse que mais de um milhão de brasilienses também serão
beneficiados. Cassol e Medeiros afirmaram que o PT teve 13 anos no governo
federal para fazer a reforma agrária, o que não teria acontecido.
Fonte: Agência Senado
http://www.geodireito.com/noticias/aprovada-lei-para-regularizacao-fundiaria-rural-e-urbana
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