Sem ter para onde irem, 80 famílias ocupam área pública
Situação segue indefinida para ex-ocupantes das unidades habitacionais na T-23, após saída pacífica, grupo teve tentativa de nova ocupação frustrada.
Dona Selvina é empregada, mas baixo salário não ajuda: "ou é comida ou aluguel", diz.
A ocupação das unidades habitacionais da Quadra T-23, no Taquari, região sul de Palmas aconteceu de forma pacífica, conforme acertado entre o estado, dono dos imóveis, e os ocupantes, mediados pela justiça. Até as 16 horas de ontem quase todas as famílias já haviam saído das casas ocupadas. Entretanto, cerca de 80 famílias seguiram para outra tentativa de ocupação, dessa vez em uma área da Prefeitura de Palmas, na Quadra T-32, logo em frente à ocupação anterior.
A ação, que começou na madrugada de quarta, não agradou os futuros vizinhos, moradores da T-32, que acionaram a Guarda Metropolitana, através do Guarda Quarteirão (GQ), e denunciaram a tentativa de ocupação. Já no meio da tarde de ontem, dez viaturas e mais de 30 guardas metropolitanos, inclusive da Ronda Ostensiva Municipal (Romu), estiveram no local com uma equipe da Fiscalização de Atividade Urbanas e um trator para derrubar estruturas que estavam sendo montadas com madeirites e lonas.
"Viemos intervir antes que se instalassem de fato e iremos manter rondas por aqui para que isso não aconteça", afirmou o inspetor e coordenador do GQ, Rogério Oliveira. O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Regularização Fundiária e Serviços Regionais, Ricardo Ayres, afirmou que a ocupação de áreas públicas é ilegal e ilegítima. Ele explica que as pessoas têm direito à moradia, mas devem buscá-lo através de programas habitacionais. "Essas áreas são destinadas a equipamentos públicos, como posto de saúde, creche ou escola. Como a regularização do Taquari está próxima, dependendo da assinatura de um termo de cooperação com o estado para ser finalizado em até 60 dias, essa ocupação pode prejudicar até 5 mil famílias", findou.
Dona Selvina da Silva, 54 anos, tentava levantar seu barraco sozinha, quando viu o trator chegar e derrubar a estrutura dos demais. Logo ela foi desmantelando o que havia montado. "Sou uma das poucas que têm emprego aqui. Mas em Palmas você escolhe comer ou pagar aluguel. Eu me obriguei a isso porque não estava dando". O acampamento segue no local, aguardando solução. Impasse das unidade habitacionais da T23 se arrasta desde outubro de 2016, quando as casa inacabadas foram ocupadas.