A cidade é uma festa (Maricato, 2015 in Seminário
Internacional Cidades Rebeldes) e para ir ao encontro de sua existência precisa
ser ocupada plenamente (a real convivência entre as pessoas). Razão pela qual a
constatação de que os vazios urbanos se contrapõem a esta lógica e a segregação
espacial se materializa como um paradoxo à esta
felicidade.
Para fomentar este debate seria necessário dar
ênfase a este “novo-velho” produto imobiliário denominado “Condomínio
Horizontal” que passou a integrar com maior frequência a paisagem da cidade de
Palmas.
Estes ditos
“empreendimentos” são sinais claros da reafirmação do isolamento social
voluntário em nome da “purificação da identidade” (Telles, 2015 in Seminário
Internacional Cidades Rebeldes) dentro de um imaginário de entregar a
felicidade aos seus moradores. Pois bem, é evidente este total contrassenso
“não há felicidade com segregação” ao contrário, ela aumenta a sensação de
desigualdade e pode contribuir para uma maior violência urbana.
Neste contexto
contraditório este modelo habitacional de “ilhas segregadoras”, seja por perfil
ou estilo (a-poli), fortalece o ideário do “bem estar” que verdadeiramente
inexiste, por constatação inequívoca dos problemas sociais (internos e externos
aos muros) oriundos deste “pseudo-viver”, que se traduz no “narcisismo das
pequenas diferenças” (Freud, 1921) estruturado pela lógica da mesmice, tudo em
busca de uma ilusória felicidade, mesmo que para isto seja necessário
customizar as leis internas ao condomínio (normalmente mais permissivas – não é
raro ver menores dirigindo carros e motos pelas alamedas destes locais),
mormente embaladas num mundo à parte, de aparências e imagens da sociedade
burguesa utópica (Thomas Morus).O que se vê neste modus de “viver” é a presença de
uma realidade recrudescida pela frustração revelada pela cidade real, porém
sistematicamente ocultada pela apropriação do sofrimento pelo capital (nas
variadas escalas e dimensões) e explicada na exógena e constante disputa dos espaços
urbanos (violência, espaços de poder, dimensões públicas, e outros).
Nesta linha de
pensamento não é possível conceber que uma cidade com a diversidade de
Palmas permita a ampliação destes espaços elitizados e segregadores, que
certamente trarão resultados de convivência desastrosos no futuro próximo.
Plagiando a Ermínia Maricato “A cidade é uma festa”
e precisamos permiti-las acontecer (tanto a cidade quanto a festa) neste
sentido é preciso entender a necessidade de ampliar o público e reduzir o
privado, também fazer acontecer o "direito à cidade" no amplo sentido
Haveysiano.